No asílo, Seu Ivo, grande galanteador por toda a vida, se engraçou com Dona Romilda. Ambos já passavam de 70 ou 80 anos de idade, não se sabe ao certo, porém conservavam, talvez pelo ar puro, jardim prefumado e colorido do lugar, uma jovialidade no sorriso que os tornava leves e belos como há 50 ou 60 anos atrás.
Naquele dia, já passados 13 dias do início do namoro - já estavam juntos há quase um ano, dizia ele que mal sabia que, na cabeça de Dona Romilda, não passava de um ficante - pois naquele dia, Seu Ivo, provavelmente entusiasmado pela paixão e pelo maravilhoso primeiro dia de sol daquela primavera, estava decidido a perguntá-la...
Passou a manhã toda caminhando na tentativa de livrar-se da ansiedade, queria logo o almoço, o cochilo da tarde e o chazinho das cinco. Aliás! Que ótima idéia! Chegaria na hora do chá! Dona Romilda mal poderia imaginar a empolgação que seu "latin lover" estava para encontrá-la.
Não cochilou, esperou o relógio bater três badaladas após o meio-dia e aproveitou-se da distração dos funcionários da casa para ir ao banho.
Barbeou-se, banhou-se, secou-se, perfumou-se, vestiu-se, olhou-se pela última vez no espelho. Olhou o relógio quando o mesmo badalou, badalou, badalou e badalou. Saiu do quarto e sentou-se na cadeira de balanço repassando metalmente seu plano. Cochilou. Acordou com a quinta badalada da hora seguinte. Levantou-se, ajeitou a gravatinha borboleta e saiu em direção ao quarto de sua amada.
- Boa tarde, Dona Romilda! fez ressoar sua voz sedosa, chamando-a pela janela.
- Oh, que surpresa! Não quer entrar para o chá, Seu Ivo?
- Adoraria saborear este chá de cidreira em sua presença, madame.
Dona Romilda sentiu um friozinho na espinha, daqueles que não sentia há 55 ou 65 anos atrás. Sentia que o relacionamento finalmente ficaria sério.
Sentaram-se saborearam o chá com algumas torradinhas. Sem trocar muitas palavras, apenas falaram pouco sobre o dia que passaram...
- Dona Romilda, preciso te contar que minha caminhada de cinco horas que iniciei logo que levantei foi porque estava ansioso.
- Ansioso por que motivo, Seu Ivo?
- Sabe, estive pensando em nós... Nós temos motivos pra dizer que estamos com muita intimidade, não é verdade?
- Sim... É verdade... respondeu hesitante.
Sem esperar muito para que ela terminasse sua resposta, achegou-se dela e beijou-lhe a face, ela nem sequer suspirou quando os lábios se tocaram.
4 comentários:
show de bola...
e que demora pra postar hein meu???
tá pior do que eu...
mas diz... tem continuação ou não??
Amor verdadeiro, inocente.
Beijos, Léo.
Não suma!
Léo, Léo, Léo...
O menino que tinha vergonha de escrever, daqui a pouco escreve um livro.
Saudade!!!
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